O Pâncreas Exocrino

Segredo enzimático digestivo

As células acinares produzem enzimas digestivas sobre o retículo endoplasmático rugoso. São então movidas para o complexo Golgi onde formam vacúolos de condensação. Estes vacúolos de condensação são então concentrados em grânulos de zymogen inactivos em células de acinar pancreáticas e armazenados para secreção. São segregados no canal pancreático principal, que se funde com o canal biliar na cabeça do pâncreas e forma a Ampulla de Vater. A partir daqui, entra no duodeno.

Enzimas segregadas:

  • Proteases
    • Quimotripsinogénio e Tripsinogénio
    • Proteínas digeridas e péptidos a um único aminoácido
  • Lipase pancreática
      li>Triglicéridos digeridos, monoglicéridos e ácidos gordos livres

Amilase

    >li> Amido e maltose (dissacáridos)/ul>

Outras enzimas incluem ribonuclease, gelatinase, elastase, etc.

Bicarbonato Secreção

Água e dióxido de carbono combinam-se numa reacção catalisada pela enzima anidrase carbónica. O produto formado é ácido carbónico (H2CO3).

H2O + CO2 -> H2CO3

Ácido carbónico depois dissocia-se em iões de hidrogénio (H+) e iões de bicarbonato (HCO3-)

H2CO3 -> H+ + HCO3-

H+ iões são transportados das células ductais pancreáticas para o sangue em troca de iões Na+ por um antiporter H+/Na+. Os iões Na+ que entram na célula são então removidos pelo Na+/H+/ATPase.

O HCO3- produzido a partir da dissociação do ácido carbónico é então transportado para as condutas intercaladas do pâncreas em troca de Cl-. Uma acumulação intracelular de Cl- é evitada por um canal de cloro que permite o retorno dos iões cloreto ao lúmen das condutas intercaladas.

Os iões bicarbonato, os iões Na+ e a água deslocam-se então através das condutas intercaladas e acabam na conduta pancreática principal pronta para a secreção para o duodeno mediante um estímulo apropriado.

Fig 2 – Secreções de bicarbonato do pâncreas

Regulação das secreções pancreáticas

Existem vários factores envolvidos no desencadeamento do pâncreas para libertar as suas secreções. A inervação vagal para o pâncreas estimula a secreção das enzimas. Esta estimulação ocorre quando vemos, cheiramos ou provamos alimentos, ou quando a parede do estômago é esticada.

Existem também outras formas em que o corpo encoraja as secreções pancreáticas. Para além da estimulação vagal, o chyme ácido que entra no duodeno estimula as células S a libertarem secretinas. Secretin é uma hormona que faz com que as células pancreáticas secretam as partes alcalinas dos sucos pancreáticos.

Os ácidos gordos e as proteínas presentes no quimio, combinados com o pH ácido, desencadeiam células I no duodeno para libertar a hormona colecistoquinina (CCK). Esta hormona também conduz à secreção de enzimas digestivas nos sucos pancreáticos. Além disso, a CCK estimula a secreção biliar via contracção da vesícula biliar.

Anatomicamente, o ducto pancreático principal funde-se com o ducto biliar, o que leva à Ampulla de Vater. É aqui que estas secreções se derramam no duodeno e ajudam a neutralizar e digerir o chyme.

Pertinência Clínica – Tumores do Pâncreas

O cancro mais comum do pâncreas ocorre na porção exócrina e chamam-se adenocarcinomas ductais.

Adenocarcinomas ductais podem perturbar as secreções exócrinas, provocando o desenvolvimento de pancreatite e dor nos pacientes. As enzimas digestivas são segregadas no pâncreas em vez do duodeno. Como as principais enzimas digestivas não chegam ao duodeno eficazmente, isto pode levar a diarreia e digestão incompleta dos alimentos.

Cânceres pancreáticos são na sua maioria diagnosticados numa fase muito tardia, uma vez que os sintomas só se apresentarão quando o cancro atingir um determinado tamanho. Nesta fase, é frequentemente demasiado tarde para a cirurgia, que é a única opção de tratamento curativo disponível. Este tipo de cancro é muito difícil de tratar e como tal tem um mau prognóstico.

Fig 3 – H&E Mancha de Adenocarcinoma Pancreático

Pertinência Clínica – Pancreatite

Uma inflamação do pâncreas é conhecida como pancreatite. A pancreatite pode ser diagnosticada através da detecção de amilase pancreática e lipase numa análise ao sangue. Uma apresentação comum seria uma dor intensa no abdómen central irradiando para as costas. Os doentes podem queixar-se de fezes pálidas e urina escura. Na pancreatite, as enzimas digestivas do pâncreas danificam o tecido e a estrutura do pâncreas.

As enzimas digestivas não chegam ao duodeno, levando a uma digestão incompleta dos ácidos gordos. Isto resulta em fezes gordas (esteatorreia), que têm um odor pungente e flutuam na água.

Pertinência Clínica – Fibrose Cística

Secreção de bicarbonato nas células ductais depende da proteína CFTR. Isto é tanto um canal de cloreto como um canal de bicarbonato. Quando a proteína CFTR é defeituosa, como acontece na Fibrose Cística, a secreção de bicarbonato pelas células ductais é afectada. Isto leva a um bloqueio nas condutas pancreáticas e a uma activação inadequada do zymogen. Isto causa danos nas células do acinar e dos ductos.

Os doentes que sofrem de uma completa falta de função CFTR nascem normalmente com insuficiência pancreática. Isto significa que o seu pâncreas liberta uma quantidade inadequada de enzimas digestivas. Estes pacientes requerem tratamento constante com suplementos de enzimas digestivas.

Em menor grau, os pacientes com mutações menos graves nas proteínas CFTR com alguma função limitada do canal ainda têm um risco aumentado de desenvolver pancreatite.

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